24 de maio de 2011

O que é Interatividade?

Por: Beatriz Lorena Ramos da Cruz Santos

Na atualidade onde tudo tende a ser volátil e tecnológico, as relações entre homem-máquina e ou entre homens, evidenciam ou encobrem processos sócio- histórico-culturais abrangentes. Neste contexto há interatividade. Propostas arrojadas que envolvem os “consumidores”, interatividade em tudo e para tudo. Não apenas na mídia, mas na sociedade em geral a interatividade se tornou algo comum para denotar diversas apropriações de suposta atuação. Mais como definir a mesma? Para tal finalidade nada simples, teremos como aporte teórico as pesquisas de Marco Silva (UERJ/UNESA) e Alex Primo (UFRGS).

Em uma leitura geral, Silva e Primo nos levam a perceber as marcas históricas e a importância social da interatividade e da interação. Os pesquisadores apresentam dois paradigmas, um ainda fortemente vigente focado na transmissão e outro baseado na valorização do processo constituído nas participações atuantes nas relações. Silva no início de sua explanação cita elementos do nosso cotidiano para exemplificar os embustes apresentados como interativos, afirmando “que interagir não é assistir”. O conceito de interatividade é recente, oriundo das críticas às mídias unidirecionais da década de 70. “A interatividade está na disposição ou predisposição para mais interação, para uma hiper-interação, para bidirecionalidade (fusão emissão-recepção), para participação e intervenção.” (Silva, 2000:4) Já Primo demonstra o conceito de interação e seus aspectos principais, relações pessoais e interpessoais. Primo explica que a interação é um conceito remoto empregado em diversas ciências. Todo elemento modifica o outro, a si próprio e as demais relações existentes entre eles, enfatizando a interação mútua e a reativa. “A pragmática da comunicação valoriza a relação interdependente do indivíduo com seu meio e com seus pares, onde cada comportamento individual é afetado pelo comportamento dos outros.” (Primo, 2000:3)

A interação mútua forma um todo global. Não é composto por partes independentes; seus elementos são interdependentes. Onde um é afetado, o sistema total se modifica. O contexto oferece importante influência ao sistema, por existirem constantes trocas entre eles. Já os sistemas reativos fechados têm características opostas às relatadas há pouco. Por apresentar relações lineares e unilaterais, o reagente tem pouca ou nenhuma condição de alterar o agente. Além disso, tal sistema não percebe o contexto e, portanto, não reage a ele. (Primo, 2000:7)

Em presença da cibercultura seria viável acreditarmos que extinguimos qualquer laço com a linearidade da educação, primordialmente online. Há mudanças na linguagem e na comunicação, contudo a permanece o papel do emissor e do “receptor”. Porém a comunidade escolar ainda mantém o exercício da cidadania à distância (salvo algumas exceções), fortalecendo as relações de poder e controle, formando consumidores ao invés de cidadãos críticos. Existem dúvidas se de fato podemos alterar este cenário, Silva nos traz a Pedagogia do Parangolé, modificando os conceitos da educação presencial e online. Inspirado em Hélio Oiticica, e sua arte participativa dos anos 60, onde o espectador usa o sensório-corporal intervindo fisicamente e completando os significados da obra, assim co-criando a mesma. O professor disponibiliza um campo de possibilidades, de caminhos que se abrem quando elementos são acionados pelos alunos. Ele garante a possibilidade de significação livres, plurais e, sem perder de vista a coerência com sua opção crítica embutida na proposição coloca-se aberto as ampliações, a modificações vindas da parte dos alunos. (Silva, 2000:3)

Nesta perspectiva a docência online pode potencializar os processos de ensino-aprendizagem, usando tecnologias hipertextuais, interatividade e a abertura comunicacional no âmbito das Tecnologias da Informação e da Comunicação - TICs.
Com as contribuições da interação mútua e da interatividade, esclarecemos ao longo do texto pontos importantes das relações sócias. No campo da educação, principalmente online. O professor imbuído desse paradigma rompe com o papel de facilitador ou transmissor, passa a exercer seu papel pesquisador propositivo. Fomentando e sendo fomentado pelos alunos. Os alunos despontam do papel estático de somente ouvir, olhar e copiar, passando a interagir a participar. Dessa forma a educação pode de fato estar em consonância com a cibercultura.


REFERÊNCIAS

PRIMO, Alex. Interação mútua e reativa: uma proposta de estudo. Revista Farmecos. Jan. 2000, n.12, p. 81-92. Disponível em www.ufrgs.br/limc. Aceso em 29.04.2010

SILVA,Marco. Pedagogia do Parangolé – Novo Paradigma da educação presencial e online. 2000, Disponível em: http://www.ensino.eb.br/artigos/parangole.pdf

SILVA, Marco. O que é interatividade. Disponível em: http://www.senac.br/informativo/BTS/242/boltec242d.htm

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...